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"Alguns erros, apenas têm consequências maiores que outros" [Como Eu Era Antes de Você]


Depois de ouvir muitas críticas boas referente a este livro, decidi comprar e ler.

"Muito" Spoiler! 


Em Como Eu Era Antes de Você, Jojo Moyes nos faz ficar frente a frente com a dura realidade da vida real. Neste livro você irá conhecer o sofrimento de um cadeirante, o desespero de uma garota superficialmente alegre, os apertos de uma família pobre e as dificuldades de uma mãe solteira.
O prólogo é o único momento em que o personagem principal, Will, é o narrador da história. Ele está combinando uma viagem com sua bela namorada e sai para trabalhar, no caminho ele sofre um acidente.

Ai eu pensei, “OMG, porque o livro começa com o fim? Eles estavam tão felizes... planejando viagens, uma vida, tão jovem... e tudo está acabado para Will. Agora vou ler um livro sabendo que quando eles estiverem no auge da alegria ele vai morrer.”
 Isso aconteceu pelo fato de geralmente os prólogos serem uma antecipação de um fato importante revelado perto do fim da história.

Mas segui a leitura e conheci de Louisa Clark, uma garota de 26 anos que trabalha em um café e possui um gosto peculiar para roupas, sendo demitida do melhor emprego que ela já teve. E Lou adorava o café em que trabalhava, conhecia cada um de seus frequentadores e tinha muito carinho pelo dono.
Lou sai a procura de emprego e a agência a envia a uma entrevista em uma casa de gente rica para trabalhar como cuidadora.  Ela não tinha experiência em nada e nem sabia cuidar de seu avô que morava com ela.
Ah, Lou mora em uma casa minúscula com a mãe, o pai, o avô, a irmã mais nova e o sobrinho pequeno. Sua vida é completamente monótona. E ela tem um namorado, que era super companheiro, mas ficou viciado em malhação e ficou chato.
Lou faz a entrevista sem esperança de ser contratada. Ele acredita que irá cuidar do marido da mulher que está fazendo entrevista com ela, mas ela descobre que é do filho da mulher e eis que reencontramos Wiil, vivo. Mas algo havia morrido nele, transformando-o em alguém completamente diferente.
Will ficou tetraplégico.
Lou consegue o emprego, um contrato de 6 meses. Seu trabalho? Animá-lo, fazê-lo rir e distraí-lo.
Em seu primeiro dia, ela descobre que não será nada fácil. Will é arrogante, mesquinho e não quer companhia. Lou tem que ser forte, o sustento de sua família dependo do dinheiro desse emprego.

“– Fale com ele, pelo amor de Deus. Claro que ele se sente infeliz. Está preso a uma maldita cadeira de rodas. E você certamente está sendo inútil. Apenas fale com ele. Conheça-o. Qual a pior coisa que pode acontecer?”
Pág. 40

A garota do começo? Bem, ela aparece para visitar Will, acompanhada do melhor amigo dele. Isso foi a  pouco mais de um ano depois do acidente. A visita foi bem conturbada.

Por mais que tentasse, Lou não conseguia encontrar ou abrir espaço para conversar com Wiil. Então se ocupou de outras coisas e sempre ficava de olho nele.

"Reparei que ele parecia determinado a não lembrar em nada com o homem que tinha sido; (...). Seus olhos cinzentos tinham marcas de cansaço, ou de desconforto que ele sentia o tempo todo (...). Eles levavam o olhar vazio de alguém que está sempre alguns passos afastado do mundo a seu redor. Às vezes, eu me perguntava se aquilo não era um mecanismo de defesa de Will, já que a única maneira que encontrou de lidar com sua vida foi fingir que não era com ele que aquelas coisas estavam acontecendo."
Pág. 45

Após alguns meses de trabalho Lou descobre que Will tentou suicídio e que, por insistência dos pais, fez um acordo, ele lhes dava seis meses e ao final deste período, Will iria a Dignitas (clínica na Suíça) onde acontecia eutanásia. Com essa descoberta ele se sente completamente traída e pensa em desistir. Mas Lou gostava de Will e sabia que ele podia voltar a querer viver, então ela toma como missão de vida tentar convencer Will de que, mesmo com todas as suas limitações, vale a pena continuar vivendo. A partir desde momento ela começa a elaborar planos e programas diários a fim de mostrar a Will Traynor que ele ainda pode viver uma vida feliz.
O inicio foi completamente conturbado, é engraçado e triste ao mesmo tempo. Will afastava qualquer pessoa que tentasse se aproximar. Depois de muito esforço ela conseguiu alcançar Will. Cada momento que dividem a relação de amizade e confiança cresce.

“Ser atirada para dentro de uma vida totalmente diferente - ou, pelo menos, jogada com tanta força na vida de outra pessoa a ponto de parecer bater com a cara na janela dela - obriga a repensar sua ideia a respeito de quem você é. Ou sobre como os outros o veem.”

A autora foi fantástica na forma de retratar os sentimentos e frustrações de Will, principalmente sua revolta por estar em uma cadeira de rodas. Além de retratar o difícil relacionamento entre Will e sua mãe, Camila Traynor, Juíza. Eles se amam, sem dúvida, mas são completamente fechados um com o outro.
A cada página surgem questionamentos não só sobre as decisões e comportamento de Will como também as de sua mãe, pai e irmã (essa aparece pouco e não gostei dela, achei desnecessária).
Antes do acidente Will tinha uma vida ativa, praticava esportes, viajava para diversos lugares, sua vida profissional estava no auge. E apesar de tudo, ele continua sendo bonito, charmoso e inteligente.
O maior desejo de Will é que Lou viva. Que saia de sua zona de conforto, que conheça o mundo, faça uma faculdade. Ele, muito mais do que ela, sabe o potencial que ela tem e todos os dias é ele quem a instiga a ser o melhor que ela pode ser.
A confiança que eles criam é tão forte que, após um episódio muito tenso, o mais tenso de todo o livro, Lou confessa a ele algo que aconteceu no seu passado e a colocou nessa zona de conforto que vive. É a primeira vez que ela fala sobre isso em voz alta. É nesse ponto que ela finalmente se liberta do que a prendia. Senti-me muito mal nesse ponto do livro.

“- Alguns erros... apenas têm consequências maiores que outros. Mas você não precisa deixar que aquela noite seja aquilo que define quem você é...”

Will recebe o convite de casamento de sua ex com seu melhor amigo e depois de muito pensar, decide ir. Ele e Lou se divertem muito e é nessa festa que ela consegue convencê-lo de fazer uma viagem com ela e com o enfermeiro dele, Nathan.


Acontecem algumas situações na casa de Lou.
Ela, Will e Nathan partem para a viagem. Divertem-se muito. Lou aposta todas as suas ultimas fichas nessa viagem para fazer com que Will desista de morrer. Ela não consegue entender como alguém pode querer morrer.  Faltam poucos dias para a data marcada.
Na última noite deles na viagem, ela se declara completamente apaixonada por Will e pede pra que ele fique com ela, que desista da ideia de acabar com sua vida. Ela diz que pode lhe fazer feliz.

“E sabe o que? Ninguém quer ouvir esse tipo de coisa. Ninguém quer ouvir você falar que está com medo, ou com dor, ou apavorado coma possibilidade de morrer por causa de alguma infecção aleatória e estúpida. Ninguém quer ouvir sobre como é saber que você nunca mais fará sexo, nunca mais comerá algo que você mesmo preparou, nunca vai segurar seu próprio filho nos braços. Ninguém quer saber que às vezes me sinto claustrofóbico estando nesta cadeira que tenho vontade de gritar feito louco só de pensar em passar mais um dia assim”.

Infelizmente, ele não muda de ideia.
Para mim essa foi a parte mais tocante do todo o livro, a única em que brotaram lágrima dos meus olhos.

O livro te força, por mais que você lute contra, a entender os motivos que Will tem. No começo, quando eu descobri sobre a decisão dele, me senti revoltada, não conseguia compreender, mas depois eu senti compaixão por ele e, mesmo ainda sendo contra a ideia, eu consegui entender e aceitar o que ele queria fazer.

Ao chegarem ao aeroporto, encontram-se com Camila, Lou pede demissão e vai para sua casa. Não fala mais com Will. Ela simplesmente não pode continuar olhando para ele sabendo que não vai tê-lo.


Acontecem mais algumas situações, que se eu contar vai perder muito o mistério, e ela acaba acompanhando, ou melhor, indo ao encontro dele na tal clinica e é muito triste.

Will deixou um pouco de dinheiro para Lou, para que ela pudesse comprar uma boa casa fora da cidadezinha em que viviam e para cursar uma faculdade e mais um pouquinho para que ela possa recomeçar sua vida.

“Estou lhe dando isso porque poucas coisas ainda me fazem feliz, e você é uma delas”.
“É isso. Você está marcada no meu coração, Clark. Desde o dia em que chegou, com suas roupas ridículas, suas piadas ruins e sua total incapacidade de disfarçar o que sente. Você mudou a minha vida (...)”.

Minha maior frustração no livro? Em nenhum momento ele diz que a ama.


Ele fala sobre sexo que o que não poderá fazer e gostaria de fazer com ela, fala que ela mudou a vida dele e que o fez feliz, mas em nenhum momento fala sobre amor. Sentirei o eterno vazio de conviver com a dúvida “Ele a amava?”. Só Will e Capitu para me deixaram com, o que acredito que serão, eternas dúvidas.

Meu comentário final do livro é que trata de histórias reais de pessoas reais. Não leia se está em busca de um livro com um amor cheio de romance e coisas impossíveis e vidas de contos de fadas. Ele é sobre mim, sobre você, sobre o vizinho, sobre todos aqueles que lutam por suas famílias, seja financeira ou emocionalmente, e que sabem amar incondicionalmente.

Em breve lerei "A Garota que Você Deixou para Trás", também da Jojo. Está ali, na estante, me esperando. Ela é autora também de "A última Carta de Amor", mas esse eu não conheço.

Editora: Intrínseca
Autora: Jojo Moyes
Páginas: 320.
Preço: R$ 22,00
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